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11-06-2014

Brasil 2014: investigadores aveirenses vibram com o mundial de futebol no Brasil.


Estão no centro do mundo. Ou, pelo menos, no centro do planeta mediático para onde todos os holofotes se vão virar entre 12 de junho e ...

Estão no centro do mundo. Ou, pelo menos, no centro do planeta mediático para onde todos os holofotes se vão virar entre 12 de junho e 13 de julho. Estão, portanto, no Brasil, onde a bola do Campeonato do Mundo de Futebol está prestes a rolar. São investigadores, alunos e docentes da Universidade de Aveiro (UA) que, ao abrigo dos múltiplos protocolos de colaboração que a academia tem firmado nos últimos anos com instituições brasileiras, estão no país do futebol e a viver intensamente um dos maiores acontecimentos desportivos do mundo.

Entre as dezenas de membros da UA que neste momento desenvolvem trabalho no Brasil, fomos ao encontro de alguns para confirmar (ou não) o entusiasmo com que o país se prepara para ver jogar Ronaldo, Messi, Neymar e companhia ilimitada.

“O futebol é sempre tema no Brasil”, clarifica desde logo Rita Rocha. No entanto, em ano de Copa, a bióloga do Departamento de Biologia e do CESAM da UA, e que está na Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória, com uma bolsa do Programa Ciência sem Fronteiras, relata que as opiniões dos brasileiros em relação à realização do torneio estão muito divididas. “Existem os contra, os a favor e os que apesar de contra acham que o mal já está feito e agora é hora de torcer pelo Brasil”, aponta.

No ar, a investigadora de Pós-doutoramento sente uma grande expectativa. “Será que haverá manifestações significativas como as que vimos há uns meses atrás? Será que tudo correrá bem durante a Copa? Qual será o impacto da vitória ou da derrota do Brasil nas próximas eleições?”, são as perguntas que pairam entre os colegas e amigos brasileiros da investigadora. No entanto, testemunha, “apesar deste ambiente de incerteza as bandeiras do Brasil já começam a aparecer nos prédios e nos carros”.

A investigadora está no Brasil para obter DNA de amostras históricas de vários museus e coleções científicas que albergam espécimes de pequenos mamíferos não-voadores, nomeadamente roedores e marsupiais. O DNA antigo, explica, “obtido através de amostras desses exemplares, é um material extremamente valioso para estudos de evolução, filogeografia e taxonomia de várias espécies”. Assim, os dados obtidos destas amostras históricas permitirão “validar as identificações dos espécimes, determinar a distribuição geográfica passada dos taxa em questão e entender o impacto presente e passado da fragmentação da Mata Atlântica na diversidade genética desses taxa”.

Ainda sem amostras dos jogos, Rita antevê que o DNA do troféu possa vir a pertencer a Espanha ou ao Brasil. “Mas espero que a nossa seleção nos deixe felizes”, diz.

A várias centenas de quilómetros da Rita, na Universidade Federal do Amazonas, em Manaus, cidade em cujo estádio vai jogar a seleção portuguesa, Vanessa Ferreira, licenciada na UA também em Biologia, frequenta o mestrado em Ciências Pesqueiras nos Trópicos.

“O Estado do Amazonas é o maior exportador de peixes ornamentais provenientes do extrativismo do Brasil, e um dos maiores do mundo, só que esta atividade decresceu bastante nos últimos anos e nunca ninguém fez uma avaliação do seu panorama atual, nem dos diversos fatores que levaram ao seu declínio”, começa por explicar a investigadora. Assim, a Vanessa pretende não só encontrar essas respostas mas também descrever as principais espécies comercializadas, os impactos ambientais e sócio-económicos desta atividade e realizar uma análise do desempenho da cadeia produtiva da pesca de peixes ornamentais no município de Barcelos.

No horizonte do trabalho científico que a bióloga está a desenvolver na região de Manaus figura também “a identificação dos fatores críticos à melhoria desse mesmo desempenho, de forma a melhorar as condições sócio-económicas dos pescadores, mas sempre garantindo a prática de uma pesca sustentável”.

Regressando ao tema da Copa do mundo, Vanessa aponta um povo com sentimentos divididos. Há os que estão contra a realização do campeonato no Brasil “devido ao gasto absurdo de dinheiro em estádios quando o país apresenta enormes problemas nos setores da saúde, do ensino ou da segurança pública”. Do outro lado, há os que “concordam que foi um gasto exagerado de dinheiro mas que se querem divertir e aproveitar a Copa”. Pessoalmente, Vanessa diz estar mais curiosa do que entusiasmada.

“Acho que a cidade de Manaus não está de todo preparada para receber tantos turistas, principalmente europeus e norte americanos, habituados a um certo nível de vida e de infraestruturas. Se não vierem de mente aberta, Manaus pode ser um pouco chocante para eles”, aponta. Por outro lado, para compensar, “o povo daqui é extremamente acolhedor e acredito que nos dias da Copa o espírito deles se vai animar de forma exponencial, o que vai contribuir para um bom ambiente festivo”.

Já que não pode assistir ao jogo entre a seleção lusa e a dos EUA – “infelizmente os bilhetes já estão esgotados” – a Vanessa vai aproveitar para ir aos eventos culturais que Manaus tem preparados para a multidão de adeptos que vai chegar à cidade e para assistir aos jogos na rua. Por isso, animação é coisa que não faltará à Vanessa. “Não é todos os dias que se tem o privilégio de viver uma Copa do Mundo numa das cidades sediadas”. Já agora um prognóstico: “Claro que gostaria que Portugal ganhasse a Copa, mas acho que o Brasil é quem vai realmente conquistá-la”.

Também em Manaus, Rita Andril acrescenta que o verde e o amarelo inundaram já a cidade. “As cores são proeminentes em todas as lojas, postos de gasolina, serviço de correio e até mesmo na cantina da Universidade Federal do Amazonas”, descreve.

Carros e camiões transportam bandeiras do Brasil, há por todos os lados pinturas nas paredes e no chão com o Fuleco, a mascote da Copa, e até os uniformes dos funcionários das lojas combinam com as cores da seleção canarinha.

“Por mais que alguns brasileiros não concordem com os investimentos realizados, todos eles acabam por se deixar contagiar pelo espírito de festa e animação. Eu estou entusiasmada e vou torcer muito por Portugal, pois tenho muito orgulho de ser portuguesa e, claro, este ano torço também pelo Brasil, já que me acolheu durante este ano”, diz a Rita.

Licenciada em biologia pela UA, a Rita está a realizar um estágio profissionalizante [4º ano opcional da licenciatura de Biologia], no lugar que sempre desejou conhecer, a Amazónia, e com o tema que sempre sonhou estudar, primatas.” A minha pesquisa consiste em estudar o comportamento dos macacos, mais especificamente a sua hierarquia social, com o nome de Saguim-de-Coleira, no momento da sua alimentação”, explica a investigadora do projeto que tem mesmo o nome de Saguim-de-Coleira.

E quem vencerá o mundial? “A esperança mantém-se no coração. No entanto, e realidade é realidade, acredito que Portugal chegue aos oitavas de final e que o Brasil sairá vencedor desta edição do campeonato do mundo, seguido pela Alemanha em segundo lugar”., Aponta a investigadora.

Em Brasília, Leonor Ribeiro está a desenvolver a tese de mestrado em Gestão e Planeamento em Turismo sobre o tema “Turismo como facto contemporâneo de colonização”. A estudante da UA viajou para a Universidade de Brasília para estudar o “fenómeno global que é o turismo e a busca do exótico como meio de satisfação da necessidade de viajar e apreender o outro ou o objeto”. Mais concretamente, a Leonor quer perceber como é que a busca por experiências extraordinárias e que quebrem o quotidiano, por parte do turista, “promove a eternização de sistemas de exploração de realidades frágeis como as que se assistem em países pobres”.

“Desde que cheguei a Brasília o tema central é a Copa do Mundo. O vilão de todos os males brasileiros é o Mundial de Futebol e claro a malfadada FIFA”, aponta a estudante do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI) da UA que vai mais longe: “Não há pessoa com a qual tenha um diálogo que não critique a Copa do Mundo, o dinheiro que foi gasto e as desprezadas carências do país”.

Quando a bola começar a rolar, Leonor Ribeiro avança desde já com um desejo. “Espero que os nossos embaixadores do futebol português nos levem à final, com o Brasil de preferência, para que a boa disposição se mantenha e se evitem grandes tumultos”, diz. E numa final entre Portugal e Brasil “que ganhe o melhor”.

Sílvia Jorge, docente no DEGEI, está no Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) ao abrigo do BIOEN, um programa de I&D na área dos biocombustíveis financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São de Paulo que procura assegurar a posição do Brasil entre os líderes da investigação e indústria em Bioenergia. “O Instituto de Economia da UNICAMP é responsável pela análise de impactos económicos do programa BIOEN e o nosso projeto insere-se na avaliação do portfólio ótimo de energias renováveis alternativas no Brasil utilizando a abordagem de opções reais”, explica a investigadora.

“No Brasil reina a incerteza… Alguns brasileiros combinam encontros para fazer mega festas nos dias dos jogos, outros marcaram viagens de férias pois não querem estar no Brasil durante a Copa e outros têm medo de viver o dia a dia nas ruas pois não faltam manifestações pré-anunciadas“, relata. Em casa, a família de Sílvia Jorge, há quase 3 anos a viver no Brasil, torce para que “o país organizador da Copa dê uma boa imagem e consiga receber bem todos os adeptos”. Quanto ao vencedor faz-se figas lá em casa para que seja Portugal. “Há vários exemplos de Copas do Mundo resolvidas por um jogador. Este ano acredito no Cristiano Ronaldo… Será a nossa vez”, diz. 

Texto e foto: UA

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